Plástico biodegradável é produzido por bactérias da Amazônia

Não é só por causa das aplicações farmacológicas ou do etanol da celulose que os cientistas estão interessados nos microorganismos da Amazônia.

Aldo Procópio, pesquisador do Instituto de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo (USP) acredita que bactérias amazônicas podem ter a chave para a fabricação de plásticos biodegradáveis.

E não são plásticos comuns, mas materiais de alto valor agregado, muitos deles com aplicação direta na medicina.

O pesquisador já está há dois anos pesquisando os microrganismos dos rios amazônicos, estudando as bactérias que acumulam polímeros.

Segundo ele, a vida aquática da Amazônia ainda não possui estudos completos: “Existe um alto potencial biotecnológico e uma vasta diversidade de microrganismos nos rios, interessantes para a produção de inúmeras substâncias, tais como antimicrobianos e biopolímeros”.

Plásticos de bactérias

Segundo Procópio, algumas bactérias isoladas já estão produzindo biopolímeros e outros microrganismos estão em fase de crescimento, sendo preparados para a produção dos biopolímeros.

“A próxima etapa consiste na identificação dos polímeros e será realizada na USP em uma parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT),” diz o pesquisador.

Procópio explica que os estudos começaram com o isolamento das bactérias coletadas dos rios amazônicos, principalmente Negro, Solimões e Madeira.

“No período da seca, baixa dos rios, há uma escassez de nutrientes, o que favorece o desenvolvimento de microrganismos que têm potencial para estocar fonte de carbono em seu interior e nos fornecer o biopolímero”, disse.

Além do plástico biodegradável, o estudo indica que outros produtos podem ser desenvolvidos a partir do biopolímero, como medicamentos, fios de sutura para cirurgias, pinos de sustentação de ossos, utilizados em cirurgias ortopédicas, cápsulas para o acondicionamento de medicamentos e embalagens de descarte rápido.

O pesquisador ressalta a importância da pesquisa na preservação do meio ambiente e, sobretudo, como alternativa de redução do acúmulo de lixo. “Hoje, temos um descarte muito grande de plástico derivado do petróleo. Esse material leva quase 400 anos para se degradar no meio ambiente. Já o bioplástico é degradado em seis meses,” explica Procópio.

Biopolímeros

Polímeros são moléculas formadas quando duas ou mais moléculas menores, chamadas monômeros, se combinam para criar uma molécula maior.

Biopolímeros são materiais poliméricos classificados estruturalmente como polissacarídeos, poliésteres e poliamidas.

A matéria-prima principal para a sua manufatura é uma fonte de carbono renovável, geralmente um carboidrato derivado da cana-de-açúcar, milho, batata, trigo e beterraba, ou um óleo vegetal de soja, girassol ou palma – e, agora, bactérias.

Dentre os biopolímeros disponíveis destaca-se o polihidroxialcanoato (PHA).

A pesquisa faz parte do Programa de Desenvolvimento Regional (DCR) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Um dos objetivos do programa é fixar pesquisadores na região.

Autor: Inovação Tecnológica